Usar o ChatGPT para estudar pode te deixar mais burro?
Você está estudando, encontra uma dúvida, abre uma aba, digita a pergunta no ChatGPT... e pronto. Em segundos, a resposta está ali, explicadinha, com um ar de autoridade. Pronto para copiar, colar e seguir em frente.
Mas o que parece um atalho pode, na verdade, ser uma armadilha.
Nos estudos, parfraseando Ryan Holiday, o esforço não é um obstáculo. Ele é o caminho.
É o mergulho, o atrito, o desconforto de quem precisa entender de verdade que fortalece as conexões neurais e constrói o conhecimento sólido.
Pedir para a IA resolver tudo por você pode parecer eficiente. Mas, com o tempo, esse hábito vai te deixar intelectualmente preguiçoso.
E o pior: vai minar sua capacidade de pensar criticamente.
Terceirizar o esforço é terceirizar o aprendizado
Quando você apenas consome respostas prontas, sem processar, sem confrontar com o que já sabe, sem relacionar com outras fontes, o que acontece é simples: o conteúdo entra por um lado... e sai pelo outro.
Eu vivi isso na pele.
Por um tempo, usei o Chat para tudo: tirar dúvidas rápidas, entender conceitos, até planejar estudos. E, sim, ele ajudava. Mas havia um problema.
Mesmo quando a explicação fazia sentido, ela durava pouco na minha cabeça.
Era como se o cérebro entendesse que não precisava guardar aquilo. Afinal, a informação estava sempre a um clique de distância.
Mas estudar não é só acumular dados.
É desenvolver raciocínio.
É criar critérios para avaliar o que é verdadeiro, o que é relevante, o que é aplicável.
E isso exige esforço. Exige tempo. Exige errar, revisar, reler.
O conforto é inimigo do aprendizado
Se estudar está “fácil demais”, tem algo errado.
Aprender de verdade exige atenção sustentada, foco e desconforto cognitivo. É como malhar para o cérebro. Sem peso, não há crescimento.
E, convenhamos: a IA é excelente em remover o peso.
Ela responde rápido, com clareza, sem julgamentos.
Mas também tira de você a chance de desenvolver discernimento. E discernimento é o ouro da era das IAs.
É ele que te permite filtrar o que é útil do que é superficial. O que é verdadeiro do que é chute. O que é insight do que é ilusão de profundidade.
Usar com inteligência — ou ser substituído por ela
A tecnologia não é inimiga. O ChatGPT é, sim, uma ferramenta poderosa.
Mas como toda ferramenta, ela pode ser usada de forma construtiva ou destrutiva.
Se você usa a IA para complementar seu raciocínio, testar hipóteses, comparar visões — ótimo. Você está ampliando sua capacidade de aprender.
Agora, se você usa só para evitar o esforço... cuidado.
Quem não pensa por conta própria vira apenas um reprodutor de respostas prontas.
E isso, meu amigo, a máquina já faz melhor que eu e você juntos.
O que eu mudei na minha rotina
Depois de perceber isso, decidi mudar.
Voltei a estudar com mais profundidade. A consultar livros físicos. A escrever à mão. Passei a usar a IA só como apoio, não como substituto do meu cérebro.
E sabe o que aconteceu?
Minha memória melhorou. Minha clareza também. E, o mais importante, minha autonomia intelectual voltou a dar as caras.
Em resumo
Para tirar o melhor do IA, você precisa ter repertório, boas referências e capacidade de fazer associações criativas.
Mas para isso é preciso manter o cérebro afiado e em boa forma. Então, evite com todas as formas cair na tentação de cortar caminhos.
Aprendizado consistente e discernimento são duas das coisas mais valiosas que você pode ter. E, como bem destaca Santa Teresa D'Ávila: “É justo que muito custe o que muito vale.”
Eu fico meio com o pé atrás das pessoas que tem poder de influência nas redes sociais recomendando usar IA e detesto as notícias sensacionalistas que provocam pânico nas pessoas em serem substituídas por um robô.
Realmente tudo o que você falou faz sentido. Eu testei o ChatGPT e de fato nos tornamos preguiçosos, pois, se torna um caminho perigoso de acomodação. Um conformismo com as respostas prontas sem questionamento, sem ter aquele discernimento afiado para enxergar o que é bom e o que não é bom. Se faz sentido ou se está fora da realidade.
É chato, monótono e cômodo depender de uma IA pra fazer quase tudo por nós, porque é exatamente isso que acontece: se tornar dependente, viciado, em que a droga é um robô.
Com o tempo, as pessoas se tornam cada vez menos humanas e mais robôs. Se bem que, antes da ascensão da IA já existiam pessoas sem empatia, com pressa, preguiça de parar pra pensar e que preferem atalhos.