Técnica ETC: como usar o ChatGPT sem perder a autoria dos seus textos
Sobre três estratégias para usar a IA sem perder sua voz
Algo que a Inteligência Artificial faz com competência é criar novos formatos a partir de um determinado conteúdo.
Nesse sentido, queria compartilhar três comandos simples que têm me ajudado demais no dia a dia.
Eu apelidei esse pequeno framework de ETC – expandir, transformar e completar.
Vamos a cada um deles.
1. Expandir: transforme um rascunho em artigo completo
A primeira técnica parte de um texto-base. Pode ser um parágrafo que você escreveu no celular enquanto estava no metrô ou uma ideia que surgiu durante uma conversa com um colega de trabalho.
A proposta é pedir que o ChatGPT desenvolva essa ideia, mantendo o seu estilo original. O prompt que uso é:
"Desenvolva o texto abaixo para criar um artigo mais longo. Mantenha o mesmo tom de voz e distribuição de frases e parágrafos. Divida o artigo em subtítulos."
Ao usar o verbo desenvolver, o modelo entende que precisa expandir o conteúdo.
Mas faz isso respeitando a sua voz, o seu jeito de escrever e o seu modo de estruturar as ideias.
Isso facilita demais na hora da revisão.
O texto já vem com a sua cara. Você só precisa ajustar o que quiser, cortar um parágrafo aqui, melhorar um exemplo ali.
2. Transformar: mude o formato, mantenha a essência
Essa técnica talvez seja a mais popular e também uma das mais úteis.
A ideia é simples: você tem um conteúdo pronto (como um artigo ou post de blog) e quer reaproveitá-lo em outro formato.
Pode ser uma tabela comparativa, um roteiro para YouTube, um carrossel para o Instagram ou até um script para podcast.
O prompt que uso é:
"Transforme esse artigo em um [FORMATO DE CONTEÚDO] para o público X. Mantenha o mesmo tom de voz."
Esse detalhe — manter o mesmo tom de voz — é essencial.
Ele garante que o novo conteúdo preserve sua identidade textual. Afinal, o objetivo é adaptar, não descaracterizar.
Mas vale lembrar: essa técnica parte do princípio de que o conteúdo original é seu.
Assim, mesmo ao mudar o formato, o estilo continua sendo autêntico.
3. Completar: preencha as lacunas com a ajuda da IA
Às vezes, o que você precisa não é de um texto inteiro, mas de um complemento pontual.
Pode ser uma frase de transição, um parágrafo de encerramento ou uma introdução rápida para uma entrevista.
Nesses casos, uso variações como:
"Crie um parágrafo de conclusão para esse artigo."
"Crie uma frase curta para conectar os parágrafos abaixo."
"Escreva uma introdução com 100 palavras para a entrevista abaixo."
Aqui, quanto mais específico for o seu pedido, melhor o resultado.
Se você indicar a extensão desejada ou o tom a ser seguido (mais formal, descontraído, técnico), o modelo vai entender e entregar algo mais próximo do que você espera.
Uma parceria, não uma substituição
Com essas três técnicas, o ChatGPT deixa de ser um gerador genérico de conteúdo e passa a ser um parceiro de escrita.
Você fornece a direção, o estilo e a essência.
A IA entra como um braço auxiliar, ajudando a ganhar tempo e clareza, sem roubar sua voz.
É um jeito inteligente de usar a tecnologia a favor da criatividade, e sem abrir mão da autoria.
Como você tem demonstrado, usar a IA exige estofo, base, fundamento, construção antecipada de competências mínimas (leitura, interpretação e escrita), sem nos referirmos ao que você tem nos ajudado a construir: estratégias discursivas. E aí reside o problema: aluno relapso, descompromissado, preguiçoso e com graves lacunas de formação tenderá a utilizar toscamente os recursos da IA. O resultado, a longo prazo, é o "assoreamento do oceano do saber" - tudo ficará mais raso, ralo, insípido...