Você já parou para pensar que nosso cérebro pode perceber coisas semelhantes de formas diferentes?
É isso que acontece, por exemplo, na escrita, com o travessão e os parênteses.
Dois sinais, dois efeitos
Quer ver?
Esses dois sinais de pontuação são utilizados para intercalar ou inserir informações ou comentários.
Ambos cumprem uma função parecida na estrutura da frase. Eles servem para adicionar algo que não é totalmente essencial, mas que enriquece o conteúdo. Um detalhe, uma explicação, uma especificação.
Mas há uma diferença sutil — e poderosa — na forma como o leitor percebe cada um deles.
O travessão brilha. Os parênteses se escondem.
Enquanto o travessão chama a atenção para o conteúdo, os parênteses tiram a importância.
Vamos ver um exemplo prático:
• O projeto — que estava atrasado há semanas — finalmente foi entregue ontem.
• O projeto (que já estava atrasado há semanas) finalmente foi entregue ontem.
Você percebeu a diferença?
No primeiro caso, a informação intercalada ganha destaque. Parece que o atraso do projeto é um ponto importante, digno de realce.
No segundo, a mesma informação aparece, mas de forma mais discreta. Como se fosse um comentário lateral.
Um jogo de percepção
Por algum motivo, nosso olhar tende a considerar menos importante o trecho entre parênteses.
Já quando usamos o travessão, parece que ele puxa nosso olhar para a parte intercalada. Como se dissesse: “ei, olha isso aqui!”.
Isso acontece, porque nossa mente vai sendo moldada pelo uso.
Ao longo dos anos, vamos internalizando padrões. Sem perceber, associamos o travessão a algo que merece atenção. E os parênteses, a algo acessório.
O palco e os bastidores
É como se o travessão acendesse um refletor no meio do palco. Ele aponta, ilumina, destaca.
Já os parênteses são como um cochicho nos bastidores — você ouve, entende, mas sabe que não é o foco principal da cena.
Ambos têm seu lugar. Ambos têm valor. Mas cada um comunica de um jeito.
Amei a comparação!
Interessante essa observação