Ser educado com o ChatGPT custa caro, mas compensa
Sobre os benefícios de manter uma linguagem respeitosa nos seus prompts
Nos últimos dias, ganhou bastante destaque uma entrevista com Sam Altman, CEO da OpenAI.
Nela, ele revela que dizer "por favor" e "obrigado" ao Chat custa milhões para a empresa em processamento de dados.
Isso fez com que muita gente passasse a defender o uso de uma linguagem mais direta e impessoal com a IA.
Mas quero apresentar a você cinco bons motivos para continuar sendo bacana com os algoritmos.
1. Educação gera qualidade
Pesquisas recentes da Waseda University de Tóquio e da equipe do Google DeepMind chegaram a uma conclusão interessante: prompts educados geram respostas melhores.
Não é só uma questão de gentileza. Existe um efeito direto entre a forma como nos dirigimos à IA e a qualidade das respostas que recebemos.
2. Bons modos acessam boas fontes
Há indícios de que prompts mais gentis ativam partes mais confiáveis do banco de dados de treino.
Essas áreas, em geral, são alimentadas por fontes qualificadas — textos acadêmicos, enciclopédias, jornais de prestígio.
Por outro lado, quando o tom do prompt é mais ríspido ou autoritário, há maior chance de a resposta vir de trechos de dados menos confiáveis, como fóruns aleatórios ou redes sociais.
3. Ser educado faz bem pra você
Ser gentil com a IA pode parecer um gesto simbólico — e é mesmo. Mas isso não é pouca coisa.
Quando adotamos uma linguagem mais amistosa, nosso próprio bem-estar é afetado de forma positiva.
Ser gente boa tem mais a ver conosco do que com o outro. É uma forma de reafirmar quem escolhemos ser, mesmo em interações com algo não humano.
4. Cada prompt é também um treino
A IA aprende com o que recebe. Cada prompt enviado é, também, um reforço de padrão.
Se somos amáveis, tendemos a treinar a IA para nos responder de forma mais atenciosa no futuro.
Gentileza, nesse caso, é também estratégia.
5. Estamos moldando o convívio social
Talvez o ponto mais importante: nossas interações com a IA afetam, aos poucos, a forma como falamos com outras pessoas.
Como a interface dos LLMs (modelos de linguagem de larga escala) e das IAs generativas é parecida com a linguagem natural que usamos com seres humanos, há uma tendência de transferirmos esses padrões de comunicação para o convívio real.
Se trocarmos pedidos por ordens com os robôs, corremos o risco de fazer o mesmo com nossos colegas e amigos.
Parar de ver o outro como um igual.
E esse é um risco alto demais para normalizarmos.
A linguagem molda o mundo
No fim das contas, ser educado com a IA é uma escolha que molda não só as respostas que recebemos, mas também o tipo de sociedade que ajudamos a construir.
A linguagem que usamos, mesmo com as máquinas, ajuda a definir os contornos da convivência humana.
Muito bom, Pedro. Sempre preciso em suas recomendações.